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Vitória Diniz. Tecnologia do Blogger.

O infinito e a vida

No início do ano falei sobre uma inquietação que é mais comum do que eu imaginava: o medo de ter escolhido o curso errado. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), cerca de 56% dos estudantes abandonam ou trocam de graduação, um valor bem alto.

Há alguns meses escrevi um post aqui no blog sobre a possibilidade de ter escolhido a graduação errada. Desbravando a fundo essa questão, com ajuda da psicoterapia e da minha infinita curiosidade por conhecimento, percebi que escolher um único caminho não seria a opção que me deixaria mais tranquila e "feliz".

O fato é que eu gosto e tenho habilidades em muitas áreas diferentes e quero trabalhar com a maior parte possível delas. Ao mesmo tempo que amo a matemática e tenho interesse em programação, sou apaixonada pela escrita (seja ficcional, jornalística, de artigos ou divulgação científica) e toda a cadeia de produção que a envolve, além do meu desejo de atuar na área ambiental, do prazer em criar desenhos que expressem meus sentimentos e o gosto pelo conhecimento tanto filosófico quanto psíquico. E está tudo bem ser assim. 

Diante disso, surge a necessidade de falarmos sobre a multipotencialidade, a qual basicamente é uma característica de pessoas com muitas habilidades e interesse em diferentes áreas. Ou seja, um curso nunca irá satisfazer esse indivíduo e sempre existirá a sensação de que poderia estar desenvolvendo outra habilidade (além de estar traindo as demais, rs). Foi exatamente o que ocorreu comigo, não adiantava trocar de graduação, a angústia continuaria ali presente, então notei: se estou em um dos meus campos de interesse e gosto dele, o mais sensato seria continuar minha formação mas trabalhar e ficar continuamente em contato com todas as outras, assim eu me sentiria melhor. Foi exatamente o que aconteceu.

A seguir, para embasar mais a discussão, apresento um vídeo do TED sobre multipotencialidade (aqui uma versão com legenda em português), que pode lhe fazer refletir ou ter maior consciência sobre o tópico:


Muitas vezes esse é o caso, contudo, isso não anula a desistência por falta de identificação com a carreira escolhida ou as matérias que a compõem, algo totalmente válido. Não é o fim do mundo trocar de graduação, mas tal atitude não pode ser impulsiva, pois as chances de se frustrar novamente serão altas.

Existe outro ponto cuja reflexão é pertinente: a insatisfação com o que está estudando é legítima ou vem de algo bem maior (como um momento difícil na vida)? Um exemplo bem simples é a minha situação, pois conversando com meu psicólogo notei que esse descontentamento não dizia respeito somente aos meus estudos, mas sim a vida no geral. Naquele momento eu estava enfrentando um episódio depressivo como pode ser concluído pela leitura de "Qual é realmente o problema?", precisava que algo desesperadamente me salvasse, daí veio o pensamento errôneo, hoje afirmo com total certeza, de não ter escolhido o melhor caminho. A graduação de Gestão Ambiental é uma das melhores coisas na minha vida. 

Mais do que nunca, entendo como essa dúvida é dolorosa, afinal é uma vida bem sucedida (fazendo algo por "amor") que está em jogo, aqui o erro não é permitido pois irá definir todo o nosso futuro, imaginamos. Todavia, isso está totalmente incorreto. Repito, por fim, a frase do filme "Mr. Nobody": "todo caminho é o caminho certo, tudo poderia ter sido outra coisa e teria o mesmo tanto de significado". 

Até as árvores evidenciam os caminhos. Qual você escolheria?
Até as árvores evidenciam os caminhos... Qual você escolheria?


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O Programa de Estímulo ao Ensino de Graduação (PEEG) diz respeito a uma bolsa no valor de 400 reais durante um semestre. É uma espécie de iniciação a docência em que, nesse período, o aluno desenvolve atividades com o intuito de auxiliar o docente orientador em tal disciplina, além de oferecer um suporte aos demais alunos a fim de facilitar o processo de aprendizagem. Em outras palavras, desempenha a função de monitor.

Para concorrer a bolsa, o candidato deve ter cursado anteriormente a disciplina, sendo aprovado nela com um ótimo desempenho. É necessário ter a disponibilidade de dedicação por 10 horas semanais. Ademais, a escolha do bolsista é baseada em dois fatores: a nota do graduando nessa matéria e a carta motivacional que precisa ser enviada. Em relação ao primeiro aspecto, a chance de aprovação é diretamente proporcional a performance, ou seja, quanto maior for o valor, melhores serão as chances de ser selecionado. O segundo critério, por outro lado, é mais subjetivo e pode-se explorar suas motivações, esperanças, desejos e objetivos em realizar tal atividade. 

Ao final do projeto, é necessário que o bolsista escreva um relatório sobre as atividades desempenhadas e como ocorreu todo processo. Ele é bem simples e o aluno deve se atentar em ser conciso, colocar em prática a habilidade de selecionar as informações mais importantes. 

Minha experiência:

Fui bolsista PEEG durante o primeiro semestre de 2020. Candidatei-me, no início do ano, para o processo seletivo da disciplina "Matemática para análise ambiental", a qual é basicamente cálculo I aplicado a área ambiental. Minha atividade como monitora ocorreu justamente nesse cenário caótico de pandemia, então toda a interação ficou limitada ao ambiente virtual. Assim, em relação a minha contribuição aos discentes, trabalhei com a indicação e disponibilização de materiais extras (como livros, vídeos, questões relacionadas resolvidas e aplicação no cotidiano dos conteúdos matemáticos teóricos), resolução das listas de exercícios, além de tirar dúvidas por e-mail e por reuniões no google meet. Meu suporte a professora da disciplina consistiu na resolução de listas, elaboração de planilhas-resumos sobre as notas e cálculo geral de desempenho individual.

Um fator muito importante nesse processo é a ligação com o orientador. No meu caso, a docente sempre se mostrou aberta a comunicação, sanação de dúvidas, orientando-me de forma acolhedora, o que tornou a dinâmica muito prazerosa de modo a participação na bolsa PEEG ter sido um dos principais fatores de sustentação e incentivo ao meu bem-estar emocional. Posso dizer com toda certeza que foi a melhor coisa que fiz no primeiro semestre deste ano.

Algumas informações:
Período de participação na bolsa: primeiro semestre de 2020 (a partir de março)
Valor total da bolsa: R$ 1200,00.
Minha nota na disciplina: 10.




Fonte: Pró-Reitoria de Graduação da USP - PRG USP. Disponível em:
  https://twitter.com/PRGUSP/status/1285650753034391552




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Entre o acervo de filmes disponíveis na 9º mostra da Ecofalante, um em especial chamou a minha atenção: “O custo do vício digital”. Geralmente o Vale do Silício é tratado pela mídia como um exemplo de desenvolvimento tecnológico, contudo o documentário mostrou o lado obscuro. Os componentes da fabricação de computadores no final do século XX causou uma série de contaminações existentes até hoje: em um bairro residencial próximo, todos os moradores tiveram câncer devido a contaminação do solo e do lençol freático. Nos trabalhadores dessas empresas as consequências não foram diferentes, uma moça que engravidou durante o período do trabalho, cuja função consistia em manipular substâncias radioativas sem saber (porque a empresa não explicava a procedência do material) relata os problemas de desenvolvimento que seu filho teve (nasceu com uma série de deficiências, inclusive mental). A ironia é que com a expansão desses casos e a dinâmica do capitalismo, as grandes empresas de tecnologia, como a apple, espalharam em países menos desenvolvidos a matriz de produção. Isso me fez lembrar do documentário “Ken Saro-Wiwa, presente!”, pois em ambos degradar, poluir e explorar o território do outro (por ser menos abastado) é legítimo e aceitável, enquanto que o deles deve ser poupado e protegido por uma legislação mais rígida.

Além disso, a China é mostrada como uma das maiores indústrias produtoras de eletrônicos. Os benefícios disso, todavia, se concentram apenas nos ganhos financeiros dos patrões e governantes, enquanto que os empregados são obrigados a aguentar péssimas condições de trabalho com jornadas exaustivas, recebendo um pequeno salário. Tais condições são refletidas nas altas taxas de suicídio, consumado dentro até da própria empresa. Por fim, há o total despejo de poluentes químicos nos rios e o descarte incorreto de materiais radioativos que colocam em risco a vida de milhares de famílias pobres de catadores, as quais vivem em meio a todos esses resíduos. 

O que mais me choca nisso tudo é a total alienação de muitos consumidores que sem o menor interesse na perversidade ambiental e social da cadeia produtiva de equipamentos tecnológicos, consomem exageradamente e trocam seus aparelhos em curtos períodos de tempo, sem nem tentar prolongar a vida útil deles. Seriam essas pessoas tão culpadas quanto os empresários que permitem a poluição? E você? Não acha que está na hora de repensar o seu consumo?

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O texto de hoje segue um estilo diferente mais parecido com um desabafo ou relato, deixo já registrado o alerta de gatilho.

Sabe aqueles momentos em que você deseja profundamente passar uma borracha na sua história (pessoal) e poder começar tudo do zero? É o que eu anseio quase todos os dias, queria fazer as coisas "certas", ser uma pessoa melhor principalmente comigo mesma. Sinto que estou destruindo a minha vida, presa em um loop eterno de autodestruição onde não paro de me sabotar.

Não escrevo no blog há um bom tempo, devem ter percebido, mas infelizmente essa não foi a única área da minha vida que ficou estagnada. O motivo principal foi um tremendo bloqueio criativo que veio de mãos dadas com uma crise depressiva pesada (diagnóstico clínico atualizado: depressão recorrente com sintomas psicóticos). Livros, escrita de contos, divulgação científica, todas as coisas que amo e me fazem bem eu simplesmente passei a não conseguir mais fazer, como se tivesse perdido as minhas habilidades e referências. Nesse momento (era final de semestre) tentei concentrar toda energia em concluir bem as disciplinas da universidade. Mas em um episódio "anoréxico" ou lenta tentativa de suicídio (como preferir chamar) parei de comer e beber água (por quê? No começo me achava gorda, depois senti que precisava me punir, merecia aquilo e por último vi que esse poderia ser meu passaporte para fora desse mundo, se é que me entendem), já não fazia mais nada, só estava viva biologicamente, passava o dia inutilmente tentando me distrair. Esse é o resumo (sem citar algumas partes mais pesadas de comportamentos e pensamentos) de uma crise que durou meses, mas não estou escrevendo isso para obter piedade ou chamar atenção, é algo que precisa ser falado (caso tenha se identificado com algo, não faça autodiagnóstico, busque ajuda profissional), de quão destrutiva e desgastante a depressão pode ser. 

Queria ser um exemplo, fazer jus àquela garota inteligente e determinada que sempre pensei ser, contudo, como diz a Demi Lovato na música "Sober" (trilha sonora das minhas recaídas junto com "Clarisse" de Legião Urbana) "eu queria ser um bom exemplo/mas sou apenas um ser humano". Sinto que já perdi a guerra, desperdicei todo o meu potencial. Penso na versão do passado e logo me vem a mente habilidades que não explorei tanto. Olho minhas cicatrizes externas e internas me perguntando se a profundidade das marcas é capaz de impedir que algum dia eu seja alguém por quem me orgulharia, no momento não tenho orgulho dessa versão. Às vezes eu só queria poder parar... definitivamente. 

    "Just hold me, I'm lonely".
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No início do ano encontrei o Estoicismo, uma filosofia que me fascinou muito e despertou o desejo de adotá-la para minha vida. Foi nesse momento que me dei conta de como o conhecimento filosófico poderia ajudar a lidar melhor com várias questões do meu dia a dia e, principalmente, com os transtornos psíquicos que sofro. Então, gostaria de compartilhar alguns ensinamentos da leitura do livro "Sobre a brevidade da vida", escrito pelo filósofo Sêneca na forma de carta-ensaio destinado para seu amigo Paulino.

Tal pensador, nessa obra, reflete e questiona como é utilizado o bem mais precioso que temos: o tempo. Segundo ele, cometemos o erro de desperdiçar horas com atividades banais, seja pelo excesso de trabalho que nos torna escravos do ofício e limita o tempo livre, seja por distrações. Enquanto poderíamos nos dedicar ao nosso próprio melhoramento pessoal.
   
"A vida, se você souber usá-la, é longa".
"Você não tem vergonha de reservar para si mesmo apenas o remanescente da vida, e separar para a sabedoria apenas o tempo que não pode ser dedicado a qualquer negócio? Viver apenas quando devemos deixar de viver!".
"O maior obstáculo para a vida é a expectativa, que depende do amanhã e do desperdício do hoje".
"Encontramos a morte quando ainda estamos nos preparando para viver".
"Não é que tenhamos um curto espaço de tempo, mas que desperdiçamos muito dele. A vida é longa o suficiente, e foi dada em medida suficientemente generosa para permitir a realização das maiores coisas, se a totalidade dela estiver bem investida".
"Não há nada que o homem ocupado esteja menos ocupado do que em viver. [...] Todo mundo apressa sua vida e sofre de um anseio pelo futuro e um cansaço do presente".
"O adiamento é o maior desperdício da vida".
"A vida é dividida em três períodos — aquilo que foi, aquilo que é, aquilo que será. Destes o tempo presente é curto, o futuro é duvidoso, o passado é certo". 

Um dos melhores investimentos que alguém pode fazer, de acordo com Sêneca, é no conhecimento. A filosofia pode tornar o ser imortal, visto que os ensinamentos, reflexões e pensamentos somam a existência. Além disso, os filósofos, mesmo os fisicamente mortos, estão disponíveis para consulta independente do período.  

"Dentre todos os homens, somente são ociosos os que estão disponíveis para a sabedoria; eles são os únicos a viver, pois, não apenas administram bem sua vida, mas acrescentam-lhe toda a eternidade".
"Nenhum destes (filósofos) lhe forçará a morrer, mas todos lhe ensinarão como morrer; nenhum destes irá desgastar seus anos, mas cada um adicionará seus próprios anos ao seu. [...] Nós podemos ser os filhos de quem quisermos. Existem famílias do mais nobre intelecto; escolha aquela em que você deseja ser adotado".

Ademais, disserta sobre uma questão comum a muitas pessoas: a dedicação a algo que não os representa, a qual acaba sendo uma condenação. E isso, na minha opinião, envolve muitas coisas tais como a persistência (geralmente) por comodismo ou medo em um curso ou profissão que não gosta, nem faz sentido para o indivíduo. Atrevo-me ainda a ir além, aplica-se também a pessoas que insistem em relacionamentos (amorosos, com amigos, familiares) que só consomem suas vidas e energias, no fim deixarão um sentimento de frustração por ter vivido em função do outro ignorando seus sonhos e ideais.  

"A condição de todos os ocupados é miserável, mas a mais desgraçada é a condição daqueles que trabalham com ocupações que nem sequer são suas, que regulam o seu sono pelo de outro, a sua caminhada pelo ritmo do outro, que estão sob ordens no caso das coisas mais livres do mundo — amar e odiar. Se estes desejam  saber quão breve é a sua vida, que considerem quão insignificante é a parte que lhes cabe".

Nenhum instante da vida voltará, cabe a nós escolher (e nisto vem a responsabilidade da opção adotada) como investir nosso tempo. Nem sempre conseguiremos seguir fielmente as ideias de Sêneca, afinal somos seres humanos e o erro é comum, mas na maior parte do tempo podemos fazer mais pela vida e não somente deixar que ela escorra sobre nossos dedos.

"No entanto, ninguém vai trazer de volta os anos, ninguém lhe dará mais uma vez a si mesmo. A vida seguirá o caminho iniciado, e não reverterá nem verificará seu curso".

Se ficou curioso para conhecer mais sobre os ensinamentos do estoicismo, eu recomendo a leitura do artigo escrito na plataforma Medium, por Sabrina de Andrade "O que é estoicismo?" e também "Estoicismo diário" da mesma autora.

Você pode adquirir o livro físico na Amazon pelo link: https://amzn.to/2zOAc5n  ou o e-book: https://amzn.to/2zGL2ul (comprando pelos links você ajuda o blog ❤️).
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É fato que as mudanças climáticas são uma realidade já presente no nosso dia a dia, a questão não é mais como evitar sua ocorrência, mas sim maneiras de lidar melhor com suas consequências de modo a minimizar os impactos. Ou seja, não é um evento que pode acontecer, ele já ocorre. Contudo, algo muito recorrente, na atualidade, é a postura que nega a relação do envolvimento humano como agravador da questão climática. Por esse motivo, é fundamental o contínuo debate e divulgação científica nessa área.

OS OCEANOS

Antes de apontar ou derrubar argumentos e evidências, é necessário entender o papel dos oceanos em meio a tudo isso. Eles exercem uma importante função de regulação do clima global, redistribuindo a energia que chega em excesso na região tropical e levando-a até as regiões polares onde há um déficit. Nas palavras de Ilana Wainer (professora no Departamento de Oceanografia Física do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo) é "como um ar condicionado do planeta", no que se refere a circulação de calor.

Com o derretimento das geleiras (consequência direta da alteração no clima, principalmente por elevação da temperatura) o oceano acaba sendo menos eficiente na redistribuição de calor, assim os mecanismos de circulação de água e transferência de energia térmica entre os hemisférios poderão sofrer muito com as mudanças climáticas.

TEMPERATURA

O efeito estufa é o principal mecanismo responsável pela manutenção do aquecimento do planeta. Todo esse processo funciona basicamente da seguinte forma: A atmosfera terrestre possui e é composta por vários gases (um conjunto de partículas microscópicas que se movimentam constantemente). Cuja função, de forma simplificada, é permitir a passagem de radiação solar e absorver a radiação infravermelha térmica (popularmente conhecida como calor) emitida pela Terra. Assim, o efeito estufa mantém a temperatura do planeta em cerca de 15 ºC, de modo a garantir condições adequadas para existência de vida. Pois sem ele a temperatura da Terra seria -18 ºC.

O problema é que com o aumento da emissão de gases do efeito estufa (GEE), em consequência da atividade humana, todo esse processo é intensificado. Seguindo o raciocínio físico abordado pelo site de meteorologia do IAG USP: "quanto maior for a concentração de gases, maior será o aprisionamento do calor, e consequentemente mais alta a temperatura média do globo terrestre".

Tal pensamento pode ser comprovado analisando o aumento cada vez maior de dióxido de carbono em média global sobre os locais de superfície marinha:
Recente média mensal global de CO2. Onde o valor mais recente (fevereiro de 2020) registra 413,22 ppm.
Fonte: https://www.esrl.noaa.gov/gmd/ccgg/trends/global.html.
Como visto acima, 413,22 ppm é a quantidade de CO2 registrada em fevereiro, enquanto que em 1980, esse valor era de pouco mais de 340 ppm, ou seja, em menos de um século chegamos a registrar quase 80 ppm a mais.
Média mensal global de CO2  registrada entre 1980 e 2020.
Fonte: https://www.esrl.noaa.gov/gmd/ccgg/trends/global.html.



EVIDÊNCIAS

Segundo o portal do clima da NASA as principais evidências (muitas das quais podem ser confirmadas no artigo feito pela BBC) que comprovam as mudanças climáticas são:

  • Aumento da temperatura global;
  • Oceanos em aquecimento, ;
  • Encolhimento das folhas de gelo;
  • Geleiras estão recuando;
  • Diminuição da cobertura de neve;
  • Elevação do nível do mar;
  • Gelo do mar Ártico em declínio;
  • Eventos recordes de alta temperatura;
  • Acidificação do oceano;
DERRUBANDO O NEGACIONISMO CLIMÁTICO

Um "argumento" que o movimento negacionista aponta é a ocorrência, no contexto paleoclimático passado, de mudanças no nível do mar e clima da Terra, o que para eles legitima como normal o que está ocorrendo. Contudo, há muitas falhas nesse pensamento.

Sim, é um fato a variação vertical no nível do mar nas eras geológicas passadas, muitas das quais com um aumento anual superior ao atual. Mas, ao contrário delas não passamos por um período de deglaciação (onde condições naturais garantiriam essa mudança) e sim por uma maciça emissão de gases do efeito estufa. Mais do que isso, hoje a taxa de aumento do nível do mar cresce com uma grande rapidez e tal velocidade interfere na nossa capacidade de adaptação.

Segundo Carlos Alfredo Joly (biólogo pela USP e PhD em Ecofisiologia Vegetal pela University of Saint Andrews, na Escócia), "no passado geológico o aquecimento e o resfriamento do planeta se deram de forma gradativa no decorrer de milhares de anos, dando tempo para que ao longo de centenas de gerações de plantas e animais os mecanismos do processo evolutivo atuassem. Isto contudo, foi alterado pelo homem, a referência agora são décadas, e há uma discrepância entre a velocidade das mudanças climáticas e a do processo evolutivo".

CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

Observar o cenário atual com um olhar crítico — valorizando o conhecimento científico e com a consciência de que os seres humanos e a natureza são uma unidade e, por conseguinte não podem (nem devem) ser fragmentados — é uma característica necessária para superar as "trevas" que ofuscam causas de extrema importância e levam uma parcela da população a negar coisas já comprovadas cientificamente, como é o caso das mudanças climáticas.

Um canal que gosto muito, o Antídoto, contextualizou bem essa questão em um vídeo:



REFÊNCIAS

Artigos científicos:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-45222019000200018&script=sci_arttext&tlng=pt
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-753X2007000100012&script=sci_arttext&tlng=pt

Artigos de blogs científicos:
http://www.observatoriodoclima.eco.br/patifaria-dos-negacionistas-climaticos/
http://oquevocefariasesoubesse.blogspot.com/
https://climate.nasa.gov/evidence/
https://www.climate.gov/news-features/blogs/beyond-data/2010-2019-landmark-decade-us-billion-dollar-weather-and-climate
https://www.iag.usp.br/siae97/meteo/met_estu.htm
https://www.esrl.noaa.gov/gmd/ccgg/trends/global.html

Artigos jornalísticos:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-46424720

Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=qL26MqN8ce8&t=23s
https://www.youtube.com/watch?v=EvXBKCIhkx4
https://www.youtube.com/watch?v=bZoJhnS35VI

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Relacionamentos superficiais, pressão (seja interna ou externa) para ser bem sucedido, cobrança da faculdade, preocupações financeiras, insegurança devido as redes sociais, desespero diante do desemprego ou (para quem trabalha) falta de tempo, rotina agitada, distanciamento da família e amigos, baixa autoestima provocada pelas desilusões amorosas, imposição para ter um relacionamento e constituir família... As exigências da vida adulta não param por aí. Mas essas resumem bem as indagações que tiram o sono de (quase) todo jovem que chega a tal turbulenta fase da vida. 

Quando criança, fantasiamos com a fase em que teremos independência suficiente para fazermos nossas próprias escolhas. Contudo, como quase todo delírio infantil nos enganamos a respeito do que é ter mais de 18 anos: uma grande dor de cabeça. Na verdade, é um período totalmente marcado por incertezas. Se você também chegou a essa etapa, sinta-se abraçado.

Para os teimosos devo avisar que não tem nada de glamouroso em trabalhar, não sobrará dinheiro nem para as bobagens gastronômicas. E tempo é o menor recurso do jovem-adulto, principalmente se precisa lidar com o grande volume de atividades do ensino superior.

Ademais, é geralmente nesse período que ocorrem as primeiras ou mais sérias relações amorosas. Com isso, iniciam-se as frustrações, os livros e filmes de romance nos enganam! Na vida real predominam joguinhos, indiferenças e conflitos. Nesse sentido, faço alusão a música "Trem bala" da cantora Ana Vilela: "é que a gente quer crescer e quando cresce quer voltar ao início, porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido".

Outra ilusão é acreditar que já seremos seres maduros e bem-resolvidos, ao final de um dia cheio muitas vezes desejamos o colinho materno acompanhado por uma boa dose de glicose. Sem falar que a chegada abrupta de todas essas responsabilidades pode agravar a saúde mental e levar a dosses excessivas de estresse, cansaço ou coisas piores como distúrbios psiquiátricos e até o suicídio. Não podíamos estar mais enganados (durante a infância) sobre como é a vida adulta.
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O crescimento populacional desordenado gerou vários problemas não apenas no campo ambiental, mas também, no funcionamento da sociedade em si. Nesse sentido, alguns indivíduos foram e ainda são forçados a viver, trabalhar e consumir em condições ambientais insalubres. Desse modo, há um consenso social responsável por destituir da condição de cidadão uma parcela da população brasileira (menos abastada), e fundamentar os impactos socioambientais em toda a sua cadeia de exploração.

A princípio, um pensamento etnocêntrico coloca em lados opostos tanto pessoas como regiões com menores e maiores condições financeiras, sobre as quais tal realidade legitima o abuso dos recursos naturais. Por conseguinte, o diferente é visto como o outro, um ser inferior e sem direitos, de modo a permitir apropriação do espaço que ocupa e a degradação desse meio, pregado pelos detentores de maior poder, como de ninguém (SANTOS, 2007). Assim, uma linha abissal separa os países, bairros e estados subdesenvolvidos (geralmente com legislação mais flexível), nos quais o despejo de resíduos e a contaminação (seja do solo, água ou ar), por ocorrer em área marginalizada, são aceitáveis.   

 Outrossim, distorções baseadas nas diferenças contribuem para que a cidadania do homem passe a ser incompleta. Essa situação é exemplificada pelo documentário “Ken Saro-Wiwa, Presente!”, que narra o conflito da instalação de uma empresa petrolífera na Nigéria. Em consequência dessa atividade e das inexistentes medidas de reparação ambiental, a população local passa a sofrer com a perda de sua biodiversidade (fonte de renda para os moradores), doenças, contaminação da água e ameaças do poder público.

Além disso, fragmentar o estudo desse problema entre social e natural, como se humanidade e natureza fossem campos contrários, sem ligação, limita a análise das implicações fortalecidas pela desigualdade. Porquanto, não é possível pensar o contexto da atual crise ambiental sem o entendimento de que o crescimento da pobreza e a degradação dos recursos (bióticos e abióticos) estão intimamente interligados (LAURENT, 2009). Portanto, com muita frequência a situação de carência das necessidades humanas está associada ou é causada pela degradação ambiental. 

Diante desse panorama, é possível notar a importância da aplicação e elaboração de políticas públicas voltadas para diminuição da desigualdade e estereótipo colonial associado à inferioridade de povos, a fim de também retardar a degradação da biodiversidade. Fortalecer as camadas financeiramente fragilizadas é uma forma de lutar contra a injustiça social e em prol de condições que permitam o desenvolvimento das atuais e futuras gerações. Dessa forma, pensar em um desenvolvimento sustentável e limitação de impactos socioambientais, torna-se mais palpável de ser alcançado, quando o meio ambiente e a erradicação das desigualdades são tratados como pontos de igual relevância para toda a sociedade.   


REFERÊNCIAS
LAURENT, Catherine. Desigualdades sociais, pobreza e desenvolvimento sustentável: Novas questões relacionadas aos modelos de conhecimento que fundamentam a ação política. Política e sociedade nº 14, abr. 2009. Pág. 145-177.
SANTOS, Boaventura Souza. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais, ed. 78. 2007. Pág. 3-46. 
























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Passada a empolgação inicial de ter ingressado na melhor universidade pública da América Latina, a USP, flagrei-me constantemente pensando "é isso mesmo que quero?". Aos poucos fui descobrindo que a atuação literalmente faz jus ao termo gestão (primeira palavra que compõe o nome do curso), o qual tem enfoque totalmente administrativo e burocrático acerca dos recursos naturais. Em outras palavras, guia planejamentos, avaliações, intervenções e manejos de áreas ambientais já degradadas, geralmente no conforto de um escritório. Constatei tudo isso a partir de palestras e conversas com egressos atuantes na área (realizadas no ano passado).

 Quando escolhi o curso tinha consciência desse lado administrativo, mas sinceramente eu estava um pouco perdida e desiludida, queria que esse chamado ambiental salvasse a minha vida e fornecesse uma razão para viver. Um pouco ingênuo, eu sei, mas como o gato do filme da Alice diz "quando você não sabe o que quer, qualquer caminho serve" e ainda tinha a possibilidade de estudar na minha tão sonhada USP...

Sinto falta da matemática e dói saber que talvez não tenha optado seguir nessa área por insegurança, medo de não ser boa o suficiente. Isso porque mesmo apesar das minhas excelentes notas escolares, paixão e curiosidade pela disciplina, nunca fui premiada na OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), o que para minha mente ansiosa e depressiva era motivo suficiente para me tornar incapaz de ter êxito. O meu perfeccionismo e a alienação da percepção de que por sermos humanos o erro é comum e aceitável, impediu-me de seguir os estudos nesse campo.

Entrei na graduação carregando a frustração de não ter tido coragem para escolher o que realmente queria, tentei o tempo todo me convencer de estar seguindo o caminho mais correto, afinal estava lutando por uma causa nobre e do meu interesse: o meio ambiente, a qual me curaria da depressão proporcionando o sentimento de utilidade e o desejo de continuar viva. Não poderia estar mais errada! Pode não ter sido apenas o fator universidade, mas também a somatização da minha adaptação a São Paulo (cidade que mantenho uma relação de amor e ódio), responsáveis pela piora do meu quadro clínico, porém, sem dúvidas a insatisfação pessoal com minhas decisões teve um grande peso.

Deveria ter notado o problema quando foi divulgado o resultado do ENEM: não fiquei feliz, senti-me indiferente. O que é estranho, mesmo tendo sofrido uma crise depressiva após a realização da prova por antecipação catastrófica do meu resultado. Todavia, o que eu poderia fazer nesse momento? A seleção já tinha ocorrido e me esforcei tanto para entrar na USP, minha nota já havia sido usada e foi tão legal compartilhar meu "sucesso", receber os parabéns no facebook.

E agora? Você pode dizer: é simples, só mudar para algum curso da área matemática! Talvez até possa ser, contudo, não é assim que vejo. Ainda carrego as marcas do meu fracasso na OBMEP, tenho muita insegurança. Principalmente porque a matemática do ensino superior é diferente daquela a qual estamos acostumados, vem o medo de não gostar do que irei encontrar, de errar novamente a escolha. Nesse momento penso que se eu não tentar nunca irei saber. Entretanto existe outro fator também: dependo dos auxílios oferecidos pela universidade, e o financeiro só é ofertado para alunos do meu campus, então se eu trocar de curso vou perdê-lo.

 Enquanto não decido sigo onde estou. E essa posição não é de todo ruim, sabe? Tenho um certo apego pelo que alcancei, contraditoriamente é de certa forma confortável. Eu gosto das viagens de campo, de fazer algo pelo meio ambiente, das experiências vividas e o autoconhecimento adquirido no caminho, das amizades que fiz, da independência que a universidade me proporciona, uma grande parte das matérias são interessantes e o ambiente já é familiar. Seriam esses fatores motivos suficientes para permanecer no curso? Eu não sei. Enquanto não decido nada o tempo vai passando e tudo fica mais e mais difícil, não escolher também é uma escolha. 

Além de tudo isso, existe a pressão para fazer a escolha "certa" que me levará a uma vida bem sucedida e a justificativa é a da vida ser única, só há uma chance. Nesse momento me lembro do filme "Mr. Nobody". Uma de suas citações contradizem totalmente essa ideia, segundo a qual "todo caminho é o caminho certo, tudo poderia ter sido outra coisa e teria o mesmo tanto de significado".

É, portanto, um momento difícil, uma questão inquietante. Irei aproveitar a quarentena, já que vivemos uma pandemia de COVID-19 e estou na Bahia devido ao cancelamento das aulas presenciais (o que também não ajuda muito, pois me deixa mais ansiosa e ainda tenho que me adaptar ao modelo improvisado de aula EAD da USP), para pensar um pouco mais sobre isso. Talvez um dia chegue a alguma conclusão.

Retratação: https://oinfinitoeavida.blogspot.com/2020/11/e-se-nao-existir-um-curso-certo.html
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Me olho no espelho procurando por alguma pista, mas estou aparentemente intacta. De onde vem esse vazio? A estranha sensação de que falta algo em mim, capaz de tornar tudo ao redor na mais absoluta banalidade, pura repetição de atos sem sentido. Há tempos nada me empolga e até as conversas com as pessoas me enchem a paciência.

O engraçado é que a gente pensa que as coisas vão melhorar quando começar ou acabar uma etapa de nossas vidas, é a eterna ilusão do "felizes para sempre". As coisas não melhoram automaticamente só porque entramos na universidade, começamos o emprego dos sonhos, compramos uma casa ou finalmente obtemos o divórcio. As confusões se autoalimentam e cada novo começo ou fim vem acompanhando por seus problemas. Percebi que não existe nenhum estado perfeito e almejar a perfeição é um contrato para se frustrar.

Olhando de fora, só a superfície, parece tudo tão bonito. Sinto-me egoísta diante desse deslumbramento principalmente ao afirmar que sou constantemente invadida por uma dor psicológica infernal e o impulso pelo suicídio.

Olho para o que sou agora e paradoxalmente não consigo me identificar com o que vejo, é como se uma estranha ocupasse esse corpo, o meu corpo. Foi justamente a graduação (período que sempre sonhei e idealizei) que evidenciou isso: estudar não me encanta, não tenho mais prazer nisso, logo o conhecimento que sempre foi minha maior paixão.

A grande questão é que boa parte do tempo não tenho vontade de me dedicar ao curso, ler os textos ou livros relacionados a área. Nem de acordar cedo para ir enfrentar as horas no trânsito, passar o dia inteiro no campus me dedicando ao estudo das disciplinas como eu fazia, assistir palestras de especialista e eventos de gestão ambiental. Sinto como se algo tivesse quebrado dentro de mim e o que me angustia é não saber se o problema é meu curso ou sou eu mesmo.
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O livro conta a história de dois amigos (Alice e Mattia), por intermédio de narrativas que caracterizam a vida deles desde a infância até a idade adulta. Seu nome é uma analogia a uma propriedade matemática dos números primos, a qual define números divisíveis por 1 e si mesmos que compartilham uma solidão: a diferença ente eles é igual a 2 e portanto, apenas um número par os separam, a exemplo de 5 e 7, 11 e 13, 17 e 19. Desse modo, existem perto um do outro mas não o suficiente para se tocarem, assim como os personagens principais dessa história.

Tudo se inicia com acontecimentos da infância, responsáveis por mudarem definitivamente a vida de cada um. Nessa época os dois não se conheciam ainda, mas suas fragilidades traçavam um caminho para uni-los. Aos nove anos Alice se vê infeliz ao ter que praticar esqui, um esporte que odeia, apenas para satisfazer a vontade de seu pai. Porém, esquiando em um dia preenchido pela neblina, ela sofre um acidente que lesiona sua perna esquerda, deixando-a deformada. A garota, por conseguinte, fica marcada com uma cicatriz que simboliza a alteração do relacionamento com o pai, seu corpo e a sociedade.

Mattia, por outro lado, possui uma exigência familiar diferente. Desde cedo manifestou uma grande facilidade de aprendizagem, ao contrário de sua irmã gêmea Michela, a qual nasceu com uma deficiência intelectual. As dificuldades dela não eram acolhidas pelas outras criança, o que tornavam os dois irmãos alvos de preconceito. Por esse motivo eles nunca eram convidados para nada. Todavia, ao serem pela primeira vez convidados para uma festa de aniversário, o garoto decide ir sozinho. Ele tem a ideia de deixar sua irmã sentada na praça que fazia parte do percurso, enquanto ocorre a festa. Contudo, ao voltar para buscá-la, não a encontra nunca mais. Isso leva-o a criar um grande sentimento de culpa.

Alguns anos passam e eles entram na adolescência com conflitos internos que os levam a desenvolver transtornos. Alice sofre com anorexia e Mattia, autolesão não suicida (seu comportamento disfuncional teve início no dia que sua irmã desapareceu), cada um com seus fantasmas internos que os conduzem a solidão. Porém, assumem posições diferentes, ela se esforça para se encaixar no mundo, enquanto ele tenta se isolar do mundo. Ironicamente, acabam se conhecendo e a partir desse momento tornam-se amigos unidos pelas cicatrizes e inseguranças que possuem.

O que mais me encantou nessa narrativa foi a facilidade do autor de aproximar o leitor do conflito, a forma crua como tudo é contado lembra quão real e próxima a obra é. Senti estar dentro da história compartilhando com os personagens as angústias, receios, sentimentos de inadequação e solidão. Tudo isso ao mesmo tempo em que transmite um ar de veracidade, responsável por ora questionar o impacto de nossas ações e escolhas na vida, ora aceitar as consequências.

Acredito, acima de tudo, ser essa história objeto de reflexão sobre até que ponto questões que ocorrem enquanto ainda somos crianças, moldam o padrão mental e de comportamento adotados durante as próximas etapas etárias. A forma particular como cada um lida com eventos traumáticos e o peso disso na qualidade de vida, pois o que todos procuram no fundo direta ou indiretamente é a felicidade.

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No dia 30 de outubro ocorreu a visita de campo ao Parque das Neblinas. Localizado em Mogi das Cruzes e Bertioga, ele constitui uma reserva ambiental da Suzano Papel e Celulose (antes, uma área destinada para produção de eucalipto). Atualmente, abriga mais de 1250 espécies da fauna e flora do bioma Mata Atlântica.

Entre as atividades oferecidas (camping, canoagem, bike e trilha) foi realizada uma trilha. A qual passou pela represa, destacando o olho d’água, forma antiga de separar o material sólido (sedimentos, assentados no meio da estrutura, passíveis de retirada para limpeza) da água. A cachoeira, onde um susto marcou a presença de uma jararaquinha, momento também de aprendizagem, em que a monitora do grupo informou um método para conferir se a cobra é venenosa: observar se acima das narinas dela há aberturas. Além do mirante com vista para a praia de Bertioga, as montanhas e Neblinas, de modo a fazer jus ao nome do ambiente “Parque das Neblinas”.



 Quando chegam ao local, os visitantes são apresentados a gastronomia com plantas nativas da Mata Atlântica. Nesse dia, o menu escolhido foi composto principalmente pelo suco de cambuci. Uma opção forte e nutritiva a qual proporcionou mais energia para iniciar a trilha e consciência sobre a riqueza de variedade alimentar pertencente ao bioma.

O momento de trilha, além de possibilitar o contato maior com a natureza e a compreensão de unidade entre o ser e os recursos naturais, como uma formação única e indistinguível, é uma somatória de conhecimentos tradicionais acerca da flora, fauna e relacionamento com o meio. Somente a observação da dinâmica natural transmite sabedoria e ensinamento sobre aspectos da vida. Como é o caso, por exemplo, da samambaia a qual passa a mensagem de que uma folha só desenrola após a outra ter concluído seu processo de desabrochar. Desse modo, na vida cada problema deve ser resolvido com calma, de cada vez e não tudo ao mesmo tempo.

Os participantes a todo momento são convidados para um banho de natureza. Como foi notado pelo chamado da guia para “sentir o sol”. A atividade é constituída em esticar as mãos, de olhos fechados, e permitir que a energia do sol entre no corpo, passe por todo o interior e libere pelos pés o peso e negatividade existentes. Mais que uma sensação, foi um instante de autoconhecimento e valorização do ato que é viver, apesar de todos os conflitos envolvidos nessa ação.




As áreas com menor presença de eucalipto (anteriormente uma das principais atividades econômicas desenvolvidas no terreno) indicam o maior desenvolvimento da flora, em que as plantas nativas conseguiram se apropriar com maior sucesso. Nesse sentido, foi destacada a importância do eucalipto em proporcionar as condições necessárias para o desenvolvimento das árvores da mata Atlântica nessa propriedade da Suzano Papel e Celulose. No que tange sombra, umidade, matéria orgânica; pois tal solo é pobre. Desse modo, assinando sua “sentença de morte” (os eucaliptos estão apodrecendo e estima-se que daqui a 100 anos, não existirão mais nesse espaço).

Outrossim, no percurso com mata mais fechada e terreno íngreme foi revelada uma triste ironia que uma espécie de samambaia, agora ameaçada e comércio ilegal, sofreu ao longo das últimas décadas. Ela quase foi extinta para servir de matéria prima na fabricação de vasos (comuns em várias casas) destinados a outras espécies de samambaias.

Ao concluir a trilha, banhar no rio, beber sua água mais que potável e escutar os sons dos elementos bióticos e abióticos na floresta, portanto, o indivíduo sai com o desejo de preservar e divulgar os conhecimentos adquiridos, ademais, todas as emoções vividas no Parque das Neblinas. Como uma ótima opção de ecoturismo, toda a dinâmica vivenciada no local passa a mensagem de conscientização e importância do contato com a rica e bela Mata Atlântica, além da valorização das coisas simples da vida.



Detalhes do trabalho de campo:
Data: 30/10/2019.
Disciplina: Recursos Naturais e Meio Ambiente.
Local: Parque das Neblinas.
Endereço: Rodovia Professor Francisco Ribeiro Nogueira, KM 85 - Zona Rural, Mogi das Cruzes - SP, 08765-000


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Desde que comecei a fazer psicoterapia (há dois anos) sempre me pergunto o porquê de não copiarmos o modelo de contato psicólogo-paciente (que consiste em encontros semanais de alguns minutos) nos outros relacionamentos. A sensação que eu tinha era de que se nos empenhássemos a seguir esse estilo haveria menos superficialidade nas principais relações humanas.

A consulta psicológica é um momento em que (geralmente) dois seres se encontram com objetivo de reduzir a dor do outro por meio de uma escuta empática, sem julgamento com comentários que guiam a uma reflexão maior. Sei que na vida real esses profissionais contam com um treinamento longo que os guiam na abordagem em consultório. Contudo, se a ideia geral de reunião para acolhimento das angústias e anseios fossem adotadas, seria possível entender mais as preocupações de alguém. Nunca tive um momento desse tipo, de sentar com algum familiar ou amigo e conversar sobre como me sinto, e pelo que percebo é assim com várias outras pessoas, não só comigo. É algo tão simples, mas que faz uma diferença enorme e que poderia fazer também.

É justamente sobre a importância dessa habilidade de escutar que Rubem Alves disserta no texto "escutatória":  
"Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil… Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer… Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos…".

Analiso, por fim, se nos relacionamos de maneira errada, ninguém ensina como devemos prosseguir. Simplesmente seguimos interagindo aleatoriamente, empurrando com a barriga (de qualquer jeito conforme a correria do dia), é como tocar alguém de raspão quando se poderia abraçar. Mantemos o contato superficial por uma convenção, assim parece que aturamos a companhia por ela simplesmente existir. O fato é que muitas vezes sabemos mais as preferências musicais de um amigo virtual do que a banda ou cor preferida de nosso irmão, falta um empenho quando se trata de conhecermos um indivíduo que aparentemente já conhecemos por fazer parte de nossas vidas, mas que no fim, não sabemos muitas coisas sobre, uma grande e infeliz ironia. 

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SOBRE MIM

SOBRE MIM
Sou uma pessoa tentando ser útil para a sociedade de modo a transformá-la. Vitória, 23 anos, bacharel em Gestão Ambiental pela USP, vegetariana, gym rat, calistênica iniciante e grande apreciadora da matemática, ciência, cérebro, animais, meio ambiente, livros e psicologia. Definitivamente diferente.

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