O que estou fazendo com a minha vida?

by - setembro 15, 2020


O texto de hoje segue um estilo diferente mais parecido com um desabafo ou relato, deixo já registrado o alerta de gatilho.

Sabe aqueles momentos em que você deseja profundamente passar uma borracha na sua história (pessoal) e poder começar tudo do zero? É o que eu anseio quase todos os dias, queria fazer as coisas "certas", ser uma pessoa melhor principalmente comigo mesma. Sinto que estou destruindo a minha vida, presa em um loop eterno de autodestruição onde não paro de me sabotar.

Não escrevo no blog há um bom tempo, devem ter percebido, mas infelizmente essa não foi a única área da minha vida que ficou estagnada. O motivo principal foi um tremendo bloqueio criativo que veio de mãos dadas com uma crise depressiva pesada (diagnóstico clínico atualizado: depressão recorrente com sintomas psicóticos). Livros, escrita de contos, divulgação científica, todas as coisas que amo e me fazem bem eu simplesmente passei a não conseguir mais fazer, como se tivesse perdido as minhas habilidades e referências. Nesse momento (era final de semestre) tentei concentrar toda energia em concluir bem as disciplinas da universidade. Mas em um episódio "anoréxico" ou lenta tentativa de suicídio (como preferir chamar) parei de comer e beber água (por quê? No começo me achava gorda, depois senti que precisava me punir, merecia aquilo e por último vi que esse poderia ser meu passaporte para fora desse mundo, se é que me entendem), já não fazia mais nada, só estava viva biologicamente, passava o dia inutilmente tentando me distrair. Esse é o resumo (sem citar algumas partes mais pesadas de comportamentos e pensamentos) de uma crise que durou meses, mas não estou escrevendo isso para obter piedade ou chamar atenção, é algo que precisa ser falado (caso tenha se identificado com algo, não faça autodiagnóstico, busque ajuda profissional), de quão destrutiva e desgastante a depressão pode ser. 

Queria ser um exemplo, fazer jus àquela garota inteligente e determinada que sempre pensei ser, contudo, como diz a Demi Lovato na música "Sober" (trilha sonora das minhas recaídas junto com "Clarisse" de Legião Urbana) "eu queria ser um bom exemplo/mas sou apenas um ser humano". Sinto que já perdi a guerra, desperdicei todo o meu potencial. Penso na versão do passado e logo me vem a mente habilidades que não explorei tanto. Olho minhas cicatrizes externas e internas me perguntando se a profundidade das marcas é capaz de impedir que algum dia eu seja alguém por quem me orgulharia, no momento não tenho orgulho dessa versão. Às vezes eu só queria poder parar... definitivamente. 

    "Just hold me, I'm lonely".

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