Viagem de campo a aldeia Rio Silveira

by - junho 18, 2019




Muitas áreas de vegetação nativa só existem devido a presença de terras indígenas. Pude vivenciar isso de perto e é incrível o contato com esses povos, a maneira como cuidam da floresta. De lá eles tiram o material que irá constituir sua casa de reza, alimentar os animais, compor seus instrumentos, formar o artesanato cuja renda contribui para manter tal cultura viva.

Desconstrua a imagem de ser selvagem e isolado que os livros de história, a literatura do romantismo e a mídia formaram, um reflexo estereotipado de uma geração que ainda carrega o preconceito colonial. Conheci, por exemplo, um guarani jovem e diretor da escola local, apaixonado pela filosofia com o sonho de distribuir esse conhecimento a sua tribo. Sim, eles podem frequentar a escola (especial), terem equipamentos tecnológicos, falarem português, usar calça, comprar comida e ainda assim serem considerados povos indígenas. Pois, mesmo que a cultura do "jurua" (não indígena) esteja presente no dia a dia deles, o conhecimento, rituais e todas as coisas que carregam devem ser preservadas. 

Nessa aldeia guarani o tempo passa de forma diferente. Somos convidados a viver o agora, sem hora marcada para nada. Mesmo dessa maneira tudo ocorre no tempo certo e de forma natural. Acordamos com os galos cantando e logo sentimos a preparação das refeições.

Uma experiência que tinha como objetivo conhecer o outro e seu modo de vida, proporcionou algo além disso. Tudo nos direcionava para o questionamento do jeito que vivemos, momentos de autoconhecimento e transformação pessoal. A felicidade, nesse ambiente, é tratada como algo simples e ao nosso alcance. A natureza já nos oferece os recursos que precisamos, só devemos ter consciência disso.

Uma sensação de paz e leveza abraçava todos os meus medos e sofrimentos. Senti que a minha dor foi acolhida naquele lugar. Numa cidade tão grande e cheia e de pessoas como São Paulo, ali vivi o sentimento de ser especial e útil para aquele povo.

Fui tão bem recebida que não queria ir embora. Se pertenço a algum espaço é a natureza. Quero repetir essa experiência a quantidade de vezes possíveis, conhecer outras culturas, relacionar-me profundamente com a fauna e a flora, e ter minhas angústias compreendidas pelo silêncio do vento que corta as folhas das árvores, as águas do mar e as rochas das cachoeiras. Quero principalmente reviver esse sentimento de liberdade, sentir ser livre para desfrutar a felicidade.

Localização da aldeia: Avenida Tupi Guarani, Bertioga - SP, 11250-000.
Duração do trabalho: de 07/06 a 09/06.
Disciplina: Sociedade, Multiculturalismo e Direito (Cultura Digital).


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