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Vitória Diniz. Tecnologia do Blogger.

O infinito e a vida




No dia 30 de outubro ocorreu a visita de campo ao Parque das Neblinas. Localizado em Mogi das Cruzes e Bertioga, ele constitui uma reserva ambiental da Suzano Papel e Celulose (antes, uma área destinada para produção de eucalipto). Atualmente, abriga mais de 1250 espécies da fauna e flora do bioma Mata Atlântica.

Entre as atividades oferecidas (camping, canoagem, bike e trilha) foi realizada uma trilha. A qual passou pela represa, destacando o olho d’água, forma antiga de separar o material sólido (sedimentos, assentados no meio da estrutura, passíveis de retirada para limpeza) da água. A cachoeira, onde um susto marcou a presença de uma jararaquinha, momento também de aprendizagem, em que a monitora do grupo informou um método para conferir se a cobra é venenosa: observar se acima das narinas dela há aberturas. Além do mirante com vista para a praia de Bertioga, as montanhas e Neblinas, de modo a fazer jus ao nome do ambiente “Parque das Neblinas”.



 Quando chegam ao local, os visitantes são apresentados a gastronomia com plantas nativas da Mata Atlântica. Nesse dia, o menu escolhido foi composto principalmente pelo suco de cambuci. Uma opção forte e nutritiva a qual proporcionou mais energia para iniciar a trilha e consciência sobre a riqueza de variedade alimentar pertencente ao bioma.

O momento de trilha, além de possibilitar o contato maior com a natureza e a compreensão de unidade entre o ser e os recursos naturais, como uma formação única e indistinguível, é uma somatória de conhecimentos tradicionais acerca da flora, fauna e relacionamento com o meio. Somente a observação da dinâmica natural transmite sabedoria e ensinamento sobre aspectos da vida. Como é o caso, por exemplo, da samambaia a qual passa a mensagem de que uma folha só desenrola após a outra ter concluído seu processo de desabrochar. Desse modo, na vida cada problema deve ser resolvido com calma, de cada vez e não tudo ao mesmo tempo.

Os participantes a todo momento são convidados para um banho de natureza. Como foi notado pelo chamado da guia para “sentir o sol”. A atividade é constituída em esticar as mãos, de olhos fechados, e permitir que a energia do sol entre no corpo, passe por todo o interior e libere pelos pés o peso e negatividade existentes. Mais que uma sensação, foi um instante de autoconhecimento e valorização do ato que é viver, apesar de todos os conflitos envolvidos nessa ação.




As áreas com menor presença de eucalipto (anteriormente uma das principais atividades econômicas desenvolvidas no terreno) indicam o maior desenvolvimento da flora, em que as plantas nativas conseguiram se apropriar com maior sucesso. Nesse sentido, foi destacada a importância do eucalipto em proporcionar as condições necessárias para o desenvolvimento das árvores da mata Atlântica nessa propriedade da Suzano Papel e Celulose. No que tange sombra, umidade, matéria orgânica; pois tal solo é pobre. Desse modo, assinando sua “sentença de morte” (os eucaliptos estão apodrecendo e estima-se que daqui a 100 anos, não existirão mais nesse espaço).

Outrossim, no percurso com mata mais fechada e terreno íngreme foi revelada uma triste ironia que uma espécie de samambaia, agora ameaçada e comércio ilegal, sofreu ao longo das últimas décadas. Ela quase foi extinta para servir de matéria prima na fabricação de vasos (comuns em várias casas) destinados a outras espécies de samambaias.

Ao concluir a trilha, banhar no rio, beber sua água mais que potável e escutar os sons dos elementos bióticos e abióticos na floresta, portanto, o indivíduo sai com o desejo de preservar e divulgar os conhecimentos adquiridos, ademais, todas as emoções vividas no Parque das Neblinas. Como uma ótima opção de ecoturismo, toda a dinâmica vivenciada no local passa a mensagem de conscientização e importância do contato com a rica e bela Mata Atlântica, além da valorização das coisas simples da vida.



Detalhes do trabalho de campo:
Data: 30/10/2019.
Disciplina: Recursos Naturais e Meio Ambiente.
Local: Parque das Neblinas.
Endereço: Rodovia Professor Francisco Ribeiro Nogueira, KM 85 - Zona Rural, Mogi das Cruzes - SP, 08765-000


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Desde que comecei a fazer psicoterapia (há dois anos) sempre me pergunto o porquê de não copiarmos o modelo de contato psicólogo-paciente (que consiste em encontros semanais de alguns minutos) nos outros relacionamentos. A sensação que eu tinha era de que se nos empenhássemos a seguir esse estilo haveria menos superficialidade nas principais relações humanas.

A consulta psicológica é um momento em que (geralmente) dois seres se encontram com objetivo de reduzir a dor do outro por meio de uma escuta empática, sem julgamento com comentários que guiam a uma reflexão maior. Sei que na vida real esses profissionais contam com um treinamento longo que os guiam na abordagem em consultório. Contudo, se a ideia geral de reunião para acolhimento das angústias e anseios fossem adotadas, seria possível entender mais as preocupações de alguém. Nunca tive um momento desse tipo, de sentar com algum familiar ou amigo e conversar sobre como me sinto, e pelo que percebo é assim com várias outras pessoas, não só comigo. É algo tão simples, mas que faz uma diferença enorme e que poderia fazer também.

É justamente sobre a importância dessa habilidade de escutar que Rubem Alves disserta no texto "escutatória":  
"Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil… Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer… Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos…".

Analiso, por fim, se nos relacionamos de maneira errada, ninguém ensina como devemos prosseguir. Simplesmente seguimos interagindo aleatoriamente, empurrando com a barriga (de qualquer jeito conforme a correria do dia), é como tocar alguém de raspão quando se poderia abraçar. Mantemos o contato superficial por uma convenção, assim parece que aturamos a companhia por ela simplesmente existir. O fato é que muitas vezes sabemos mais as preferências musicais de um amigo virtual do que a banda ou cor preferida de nosso irmão, falta um empenho quando se trata de conhecermos um indivíduo que aparentemente já conhecemos por fazer parte de nossas vidas, mas que no fim, não sabemos muitas coisas sobre, uma grande e infeliz ironia. 

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SOBRE MIM

SOBRE MIM
Sou uma pessoa tentando ser útil para a sociedade de modo a transformá-la. Vitória, 23 anos, bacharel em Gestão Ambiental pela USP, vegetariana, gym rat, calistênica iniciante e grande apreciadora da matemática, ciência, cérebro, animais, meio ambiente, livros e psicologia. Definitivamente diferente.

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