João Gabriel: um talento revelado pelo prêmio SESC de literatura

by - fevereiro 19, 2021


O Prêmio Sesc de literatura é um concurso literário que revela autores inéditos. Dividido em duas categorias (conto e romance), dois livros são premiados, os quais são distribuídos por uma editora conceituada e de grande porte: a Record. Dessa forma, o concurso insere os autores no mercado editorial e proporciona uma renovação no cenário nacional literário. 

Sinopse do livro:
"O doce e o amargo aborda temas tabus, tratados com delicadeza. A qualidade dos contos é vista em todas as frases, construídas de forma natural, mas criando poderosos efeitos. Os diálogos são ágeis e precisos. Há constantes reflexões percorrendo o texto, que nos atraem para o interior da narrativa e dos personagens, mantendo um tom ao mesmo tempo violento e suave.
O tema é universal: a morte e seus correlatos, em contraposição a um tênue amor. Há excelentes metáforas, e o texto evita bravamente qualquer lugar-comum. As conexões criam uma linha narrativa que não se rompe; a coerência interior é tal que torna o livro, em cada conto e como um todo, uma trama indissolúvel, mesmo que atravessada por extremos: o pesado e o leve, o onírico e o real, o doce e o amargo".




Entrevista

Quem é o João Gabriel?
"Eu sou eu, aquilo que leio e o que está no livro, ao mesmo tempo que eu também não sou aquelas coisas. O que há de mim nesse livro é metade referência e metade coração, ele é uma síntese bastante sugestiva sobre o que sou, sobre o que penso. O livro é amargo demais, muito mais do que doce". 
No mais o João, como um jovem normal, afirma gostar de esportes, de sair, prefere o dia muito mais do que à noite, além de morar em Juiz de fora.

E quanto ao livro, você já vinha escrevendo para o concurso ou surgiu a oportunidade e se inscreveu?
"Eu não tinha a pretensão de publicar um livro, uma colega falou que iria participar do prêmio e me sugeriu. Tinha uns arquivos no drive. Coloquei os contos que considerava melhores. Seis meses depois eu recebi a ligação, estava na universidade. Esse livro foi um acidente, não um projeto e isso explica algumas deficiências dele".

O que a escrita representa para você?
"Hoje em dia representa uma forma de sofrimento, porque antigamente era uma forma de elaborar o sofrimento, então era uma atividade muito espontânea e muito orientada pela paixão do momento. Era uma forma de projetar no meio externo os problemas do meio interno. Entra um fator que não existia antes: a exposição pública da obra, então isso acaba um pouco corrompendo a liberdade do fazer literário que eu acho o mais importante. Diante da página em branco a gente deveria estar sozinho. E estou aqui tentando recuperar a inocência pré-publicação. É uma noção que vai se modificando aos poucos. Como jovem eu tenho a tendência a acreditar que a escrita é uma forma de desafogar, por outro lado também é uma forma de criar beleza. É sempre um exercício de liberdade, de beleza, de desafogo". Por fim, cita Camus ao afirmar que o romance tem a cara do destino.

Algum dos contos foi baseado nas suas experiências?
"Muito do que está lá é um reflexo do que eu vivo. A literatura é o sinal de que existe vida ali. Factualmente quase nada ali diz respeito ao que eu já passei, mas em termo de vivência emocional de amadurecimento existencial. Acho que é um livro que fala muito sobre o que sou".

Qual dos contos mais te representa ou te toca?
"O que eu acho mais bonito é o segundo, na verdade ele é o mais importante do livro 'Ódio ou pais e filhos'. A ideia de amadurecimento se encontra em sua expressão máxima ali. Ele é o mais importante porque é sobre isso que o livro trata, sobre essa incerteza em relação a vida e sobre a necessidade de encontrar um suporte que é impossível. O rito de passagem é algo que atravessa muitos dos contos".

Como é ser um jovem escritor no Brasil?
"Olha eu ainda não sei. Publiquei, contudo ainda não criei um nicho de contato muito grande, converso com poucas pessoas sobre isso, não acompanho a crítica que venho recebendo, eu nem sei se eu venho recebendo alguma crítica ou se venho sido lido. Acho que não sou a melhor pessoa indicada para falar como é ser escritor no Brasil".

O que mudou na sua vida após ter ganhado o prêmio?
"Acho que hoje em dia eu fico me torturando mais para escrever. De resto eu sou a mesma pessoa. O legal é que eu descobri uma cena literária, que existem muitas pessoas escrevendo no país. É importante porque você acaba se sentindo muito sozinho nesse mundo de escrita e literatura, eu amadureci muito em termo de pensamento . Ter um cuidado que nem sempre é ruim, começa a ser mais cauteloso, para quem não tem muita segurança de si mesmo acho que isso às vezes é algo prejudicial. Se você não se sente tão deslocado você consegue aproveitar bem. Amadurecimento intelectual, pois sei que tem gente muito boa e eu tenho que ralar muito para chegar ao nível deles".

Qual a sua perspectiva para o futuro? O que você planeja?
"A ideia mesmo é caminhar sem saber onde vou chegar".


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