No inÃcio do ano falei sobre uma inquietação que é mais comum do que eu imaginava: o medo de ter escolhido o curso errado. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas AnÃsio Teixeira (Inep), cerca de 56% dos estudantes abandonam ou trocam de graduação, um valor bem alto.
Há alguns meses escrevi um post aqui no blog sobre a possibilidade de ter escolhido a graduação errada. Desbravando a fundo essa questão, com ajuda da psicoterapia e da minha infinita curiosidade por conhecimento, percebi que escolher um único caminho não seria a opção que me deixaria mais tranquila e "feliz".
O fato é que eu gosto e tenho habilidades em muitas áreas diferentes e quero trabalhar com a maior parte possÃvel delas. Ao mesmo tempo que amo a matemática e tenho interesse em programação, sou apaixonada pela escrita (seja ficcional, jornalÃstica, de artigos ou divulgação cientÃfica) e toda a cadeia de produção que a envolve, além do meu desejo de atuar na área ambiental, do prazer em criar desenhos que expressem meus sentimentos e o gosto pelo conhecimento tanto filosófico quanto psÃquico. E está tudo bem ser assim.
Diante disso, surge a necessidade de falarmos sobre a multipotencialidade, a qual basicamente é uma caracterÃstica de pessoas com muitas habilidades e interesse em diferentes áreas. Ou seja, um curso nunca irá satisfazer esse indivÃduo e sempre existirá a sensação de que poderia estar desenvolvendo outra habilidade (além de estar traindo as demais, rs). Foi exatamente o que ocorreu comigo, não adiantava trocar de graduação, a angústia continuaria ali presente, então notei: se estou em um dos meus campos de interesse e gosto dele, o mais sensato seria continuar minha formação mas trabalhar e ficar continuamente em contato com todas as outras, assim eu me sentiria melhor. Foi exatamente o que aconteceu.
A seguir, para embasar mais a discussão, apresento um vÃdeo do TED sobre multipotencialidade (aqui uma versão com legenda em português), que pode lhe fazer refletir ou ter maior consciência sobre o tópico:
Muitas vezes esse é o caso, contudo, isso não anula a desistência por falta de identificação com a carreira escolhida ou as matérias que a compõem, algo totalmente válido. Não é o fim do mundo trocar de graduação, mas tal atitude não pode ser impulsiva, pois as chances de se frustrar novamente serão altas.
Existe outro ponto cuja reflexão é pertinente: a insatisfação com o que está estudando é legÃtima ou vem de algo bem maior (como um momento difÃcil na vida)? Um exemplo bem simples é a minha situação, pois conversando com meu psicólogo notei que esse descontentamento não dizia respeito somente aos meus estudos, mas sim a vida no geral. Naquele momento eu estava enfrentando um episódio depressivo como pode ser concluÃdo pela leitura de "Qual é realmente o problema?", precisava que algo desesperadamente me salvasse, daà veio o pensamento errôneo, hoje afirmo com total certeza, de não ter escolhido o melhor caminho. A graduação de Gestão Ambiental é uma das melhores coisas na minha vida.
Mais do que nunca, entendo como essa dúvida é dolorosa, afinal é uma vida bem sucedida (fazendo algo por "amor") que está em jogo, aqui o erro não é permitido pois irá definir todo o nosso futuro, imaginamos. Todavia, isso está totalmente incorreto. Repito, por fim, a frase do filme "Mr. Nobody": "todo caminho é o caminho certo, tudo poderia ter sido outra coisa e teria o mesmo tanto de significado".
Até as árvores evidenciam os caminhos... Qual você escolheria?